Isso, o LUIZ HENRIQUE
NOGUEIRA realiza como quem não faz o mínimo esforço. A arte está para
o seu sangue assim como o público está para Cheias de charme, a novela de ibope igual ao de trama das 21 horas, onde ele vive o Laércio, o secretário de Chayene
(Cláudia Abreu).
O
sucesso do personagem, que não é tão politicamente correto, resultou num belo fruto: outra ENTREVISTA EXCLUSIVA nossa.
Conheça, pois, um pouco mais desse ator que respira arte e também esteve em
Insensato coração...
IS - Você era um ator
essencialmente de teatro. Como foi o migrar para a televisão?
LHN – É, na realidade, eu passei quinze anos da
minha carreira fazendo só teatro. E aí, naturalmente, acabei indo pro cinema,
antes, e, depois, pra televisão. É uma trajetória quase natural pra ator, né?
Tem alguns atores que começam na televisão e depois fazem teatro, mas é uma
trajetória menos orgânica pra um ator. Acho que o começo tem que ser sempre no
teatro, a grande formação do ator é no teatro.
IS - Viver Laércio está
sendo...?
LHN – Uma maravilha... Ele é um personagem
delicioso, a novela é uma delícia de fazer, o nosso Núcleo, ele é maravilhoso... então, o
Laércio tá sendo um prazer enorme. Mas
eu sabia que ia ser: quando li a sinopse da novela e eu vi, né, o perfil do
personagem. Conforme eles foram fechando o elenco, eles fecharam comigo antes
da Cláudia Abreu ser a Chayene. Acompanhei o processo da Cláudia fechando a
Chayene, então, pra mim, foi maravilhoso.
IS - Bom, por falar
na Cláudia, vocês têm uma química excelente. A que atribui essa
força cênica?
LHN – Conheço a Cacau há mais de vinte anos. A
gente vem de escolas muito parecidas, a nossa história no teatro é parecida, a gente
vem da mesma escola, o Tablado; trabalhamos com os mesmos diretores de teatro
em momentos diferentes: a Bia Lessa, o Antônio Abujamra... Fomos da mesma
Companhia de Teatro em momentos diferentes, a gente tem uma identificação artística
muito forte. E quando fechamos com a novela, por nós nos conhecermos, a gente
se falou e combinou, e eu e a Cacau nos encontramos várias vezes antes de
começar o processo oficial dentro da TV Globo, na preparação do Laércio e da
Chayene. A gente, de fato, usou o fato de já se conhecer pra dar uma
aprofundada no nosso processo de criação.
IS - E, na rua, você ainda é reconhecido como o Ubiracy, esse personagem-sucesso da novela Senhora do destino?
LHN – Nesse momento em que o Laércio tá no ar e
que a novela tá muito forte, realmente não tem acontecido muito, não. O Ubiracy
era de uma novela que era um fenômeno de sucesso, né? Ele fez muito sucesso, e
a novela foi reprisada no “Vale a pena ver de novo” num tempo de sete anos,
que tem sete anos que estreou “Senhora do destino”. E foi a novela que me apresentou
ao publicão, então sinto que o público ainda me associa ao Ubiracy, tenho o
maior orgulho de ter feito um personagem que, sete anos depois, as pessoas
ainda se lembram dele. Tenho diversos amigos atores que fizeram muito sucesso
numa determinada novela, e que, hoje em dia, não lembram tanto do personagem.
Em “Prova de amor”, na Record, fiz o Pestana e ele também é um personagem de
quem as pessoas, até hoje, falam muito. Acho que também tem a questão de eu ter
feito personagens com características muito fortes: o Ubiracy e o Pestana
tinham uma coisa de humor muito forte, o Laércio também tem, e vem muito daí o
sucesso.
IS - Teatro, cinema
ou televisão? Qual mais o cativa?
LHN – Ah, os três. Eu adoro fazer teatro, mas eu também adoro
fazer televisão e cinema. São veículos com propostas muito diferentes pra um
ator. Acho que, pro ator, o que importa é exercer o ofício; o veículo é o de
menos, por um lado. E o que importa é... é um personagem bom, é uma equipe boa... O
veículo, realmente, pra mim, é o de menos, eu sinto prazer nos três.
IS - Como se deu a
virada de trocar o Jornalismo pela carreira artística?
LHN – Na realidade, nunca troquei, porque, na
verdade, não fui jornalista. Decidi a começar a fazer teatro quando tava no
meio da faculdade de Jornalismo. Aí me formei em Comunicação Social, mas nunca
exerci a profissão de jornalista, nunca abri mão de um trabalho de jornalista
para exercer a profissão de ator. No meio do curso de Jornalismo, virei pro
teatro e, de alguma maneira, quando me formei nos dois cursos, porque fiz
também a formação de ator na faculdade, o teatro me absorveu, e fui embora,
assim... como ator.
IS - Bate-bola! Seu
livro predileto!
LHN – Olha, não tenho um livro predileto, eu tenho
alguns autores prediletos, porque eu amo ler, amo livros... Sou apaixonado por
Clarice Lispector, por Érico Veríssimo, ele que é fundamental na minha formação de
adolescente e de jovem. Li toda a obra de Clarice, toda a saga de “O tempo e o
vento”, eu li “Música ao longe”, “Um lugar ao sol”, “Olhai os lírios do campo”... Eu sou apaixonado por literatura, então não consigo ter um predileto. Sou
apaixonado por três autores, dois americanos e um inglês, que são o Paul Auster,
o William Maugham e o Philip Roth, que leio tudo dos três. Enfim, tenho vários.
IS – Então essa
pergunta vai ser difícil. Escritor!
LHN – É difícil, sim. Vários...
IS - Programa(s) de televisão!
LHN – Novela, de um modo geral. Sempre fui
noveleiro. Minha formação de ator se deu no teatro, mas meu imaginário de ator
vem da televisão, me lembro de eu criança, me arrumando pra assistir à novela,
de tão forte que era, pra mim, assistir a novelas; então, adoro, até hoje
assisto a muita novela.
IS - E, hoje... uma novela! É Cheias de charme?
LHN – É, hoje a TV Globo tá num momento especial, pois a “Cheias de charme”, ela é incrível... mas acho “Avenida
Brasil” uma... novela incrível também, ela é bem escrita, é bem dirigida, bem
atuada. A Globo tá num momento de acertos. “Amor, eterno amor” eu, realmente,
não assisto, porque é mais cedo e, normalmente, tô gravando, mas as pessoas
adoram, então acho que é um momento bacana assim, da tevê.
IS - Um filme
antológico!
LHN - “A mulher do lado”, que é o filme da minha vida, um filme
do François Truffaut, da década de 70.
IS – Ator e/ou atriz
favorito(s)?
LHN - Não tenho isso, pois sou apaixonado por vários atores e
várias atrizes, e de várias gerações. É muito difícil... A gente é tão diferente, e as pessoas apresentam trabalhos tão fortes, tão diferentes, que é difícil eleger
um. Eu acho a Fernanda Montenegro incrível, da mesma forma que acho o Selton
Melo e o Humberto Carrão incríveis. Não tenho um predileto... mas, assim, muitos atores e
atrizes que eu amo...
IS – Personalidade
maior do momento. Tem?
LHN – A Dilma Rousseff, a primeira presidenta do país, né, uma
mulher... E acho que ela tá fazendo um governo discreto e, ao mesmo tempo, tão
firme, tão preciso e tão pouco bombástico na imprensa. Um governo muito
coerente, com muita compostura. Gosto dela.
IS – Música?
LHN – Qualquer uma do Chico Buarque.
IS – Cantor ou
cantora!
LHN – Chico Buarque. (Risos gostosos.)
IS – Comida de
preferência!
LHN – Várias. Amo salada, eu gosto de churrasco... Eu sou carnívoro...
Gosto de picadinho, um prato tipicamente carioca. São meus favoritos. De massa, eu gosto muito também.
IS – E um destino
turístico!
LHN - Qualquer um desse nosso Brasil... Pernambuco, que foi um dos lugares
que eu mais gostei de conhecer, já trabalhei em Recife, fiquei um mês e poucos
morando lá, indo muito pra Olinda nos finais de semana, adoro
Pernambuco. Adoro o Sul. Ah, o Brasil inteiro.
IS – Perfume e cor!
LHN – Perfume, normalmente tenho dois: um que uso meu e um do
personagem. O do Laércio é um que ganhei da Izabel, autora, que era um
lançamento da Hugo Boss, chamado Orange... Então, eu só uso esse perfume pra gravar.
IS – Quando não está
gravando, nem fazendo teatro, gosta de fazer o quê?
LHN – Cara, gosto de me informar de coisas, tô sempre vendo
DVD, sou viciado em seriados americanos, tenho mais de quatrocentos filmes em
casa, tô sempre assistindo a filmes, leio muito. Eu sou muito caseiro, eu,
realmente, não gosto muito de sair. Pedalo muito, então quando não tô
trabalhando, tô me deslocando de bicicleta, ou lendo, ou vendo DVD em casa.
IS – A melhor e a
pior invenção do mundo.
LHN – A melhor, a possibilidade cada vez maior que as
pessoas têm de se comunicar à distância; a ampliação de qualquer forma
de conexão de comunicação, de contato; e a pior, certamente, é terem inventado
uma arma.
IS – Você tem uma
filosofia de vida?
LHN – Não. Mas não tenho religião, então, na realidade, tento
um pouco seguir o Budismo, que é uma religião filosófica. O Budismo tem uma
filosofia de vida que acho que ajuda a humanidade a se portar de uma maneira
melhor, daí tento seguir algumas coisas do Budismo, ainda que não me considere
um budista. Não cumpro os exercícios da religião, enfim. Então, procuro seguir
mais a filosofia.
IS – Se você não fosse o ator que é... seria mesmo jornalista?
LHN - Seria jornalista. Não tem nenhuma outra. Oh, eu não consigo... me
imaginar fazendo nada que não seja atuar. Eu acho que só Jornalismo mesmo.
IS – O Luiz H. Nogueira pelo Luiz H. Nogueira!
LHN - Ah, não. Não consigo
me definir, não me dei à auto-análise, não sou capaz, sou bem
confuso. Não me defino.
IS – Mensagem aos
fãs, aos seus admiradores!
LHN - Um beijo carinhoso. Acho que o meu melhor tá sempre no
meu trabalho, então acho que essas pessoas acabam recebendo o meu melhor
também.
Fotos da entrevista: MARIA
DE JESUS SANTANA.
Demais fotos: site DRAMATURGIA BRASILEIRA.
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