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sexta-feira, 25 de abril de 2008

TRÊS BELOS

Família: brica de alianças, laços, seguranças.
União: sinônimo de mudança, vida, esperança.
Beleza: céu além dos olhos. Do posso. Dos corpos!


Uma Estrela-Família
As atenções do mundo cristão recifense estiveram voltadas, na quinta-feira, dia 24 de abril, para o show de FAFÁ DE BELÉM, cuja renda total é destinada à restauração da Basílica da Penha, monumento de arte, beleza e devoção do povo pernambucano.
O espetáculo, que foi no palco do Teatro Guararapes – Olinda, teve o apoio do GOVERNO DO ESTADO e a produção bem-cuidada da ACONTECER PROJETOS E EVENTOS CULTURAIS,
dirigida por NATÁLIA REIS: (81) 3325-1368 / (81) 9972-9890.
Em entrevista com Fafá na véspera do show, fiquei impressionado com a alegria, a força e a humildade desta Estrela-família por quem o Brasil tem tripla paixão. Segue a entrevista, sem cortes.

Você, como cantora, atriz e mulher extremamente cristã, como define esse trabalho lindo voltado para a colaboração com a reforma da Basílica?
Olha, acho que tudo que nós conseguimos, tudo que uma pessoa pública consegue é dado, concedido por uma força maior. Uma força divina, e o mínimo que se deve fazer é agradecer. Após o agradecimento, é que entra o trabalho solidário, o trabalho especial, pela conscientização. Acho que é a forma mais próxima do que quem nos deu esse dom gostaria que fosse feito. Não acredito em esmolas, acho que as coisas se salvam, se recuperam através de uma ação consciente, e todas as vezes que sou chamada ou convidada para uma ação como essa, eu sempre tô à disposição. Além de ser cristã, vejo que nosso país está perdendo seus patrimônios históricos, perdendo bens pela ganância, pela sede do momento, pelo valor do terreno, em determinadas situações, nas cidades e tal... Falo isso por Belém também, vejo o patrimônio histórico sendo perdido através dos proprietários que destelham as casas, para as casas caírem e venderem os terrenos para construírem um espigão. Então, além de ser uma pessoa católica, acredito que todo bem patrimonial cultural deve ser preservado, e esta é uma função onde eu, artista, tenho um papel importante, porque nós falamos para muita gente. Por isso, eu tô sempre aí!

Sobre Caminhos do Coração. O que representa, para você, este presente do nosso querido Tiago Santiago?
Para mim foi uma surpresa enorme esse convite. Meu contrato acabou em fevereiro, minha participação também, na primeira fase de “Caminhos do Coração”... Não sei se entrarei na segunda fase. Havia uma opção de eu chegar até o final da novela, mas eu precisava de férias, porque eu fazia esse show, que é um olhar sobre meus 33 anos de carreira, cantando Chico Buarque, que eu canto o mar... tem sempre as viagens pelo Brasil, a Portugal e mais as gravações da novela. Foi pedreira no ano passado, mas foi maravilhoso. Fiz teatro... Se alguma coisa eu quis ser na vida, foi ser atriz. Nunca pensei em ser cantora, queria ser psicóloga, mas fiz escola de teatro, cheguei a fazer algumas peças em Belém... Fui contemporânea do Cacá Carvalho, este grande ator brasileiro, fizemos teatro juntos... E foi uma surpresa mesmo, foi um presente maravilhoso do Tiago, porque a personagem Ana Luz é, fundamentalmente, uma mulher brasileira, guerreira, que não se entrega, segura a onda, levanta o astral de todo mundo... Acho que tem um pouco de mim nisso, mas quando falo “um pouco de mim” é um pouco do meu lado que se identifica com essa mulher brasileira e guerreira, que não ganha nada de presente, tudo é muito suado, trabalhado... sempre com muita alegria e muito agradecimento.

O show tem algo de mais especial? Além de ser beneficente, claro, ele traz alguma música – ou músicas – por que você tem um carinho maior?
Bom, o show conta o resumo da minha carreira, os 33 anos de carreira, então não existe essa ou aquela. Foi muito duro cortarmos algumas canções, mas nós chegamos a um repertório que sintetiza ou, pelo menos, olha a história de uma cantora brasileira que canta todos os ritmos, passeia por todos os Estados, todos os estilos, que chegou a menina de renda e continua com o pé no chão, com o pé na Amazônia; que passa pela fase romântica... É um espetáculo muito bonito. Antes dele, recebi algumas propostas de gravar o DVD, mas nada era tão abrangente quanto esse momento agora. Então, o espetáculo que vim fazer aqui é um espetáculo que posso fazer a qualquer momento da minha vida, porque ele lê com muita dignidade a minha história, e este recurso é muito importante para falar para um público mais jovem da trajetória de uma mulher que saiu lá da beira do igarapé e está por aí pelo mundo... (Risos gostosos.)

E venceu na vida.
Graças a Deus!

Agora, gostaríamos que você definisse para a gente o sentimento solidariedade.
A solidariedade, fundamentalmente, não deve ser alardeada. Deve ser vivida, exercitada, uma palavra de convencimento, sempre, ao outro. Numa forma discreta. É um chamado. Acho que a solidariedade é uma obrigação do ser humano. Se nós apenas reclamarmos do Estado, ou disso, ou do outro e, por conta própria, não agirmos, vamos passar a vida toda reclamando. Acho que a consciência política passa pelo estado de consciência solidária. Nenhuma Nação faz algo se não houver entendimento entre as pessoas, entre os homens... e este mundo só se reorganiza se esta palavra “solidariedade” sair da função benemérita para ser uma ação cotidiana. É para estender a mão ao outro, sim, sem estar preocupado se estão fotografando ou se vai sair no jornal. Acho que esse é o grande ato de Humanidade. A solidariedade é, fundamentalmente, um ato de Humanidade, e é disto que nós todos estamos precisando. Temos um mundão globalizado, tão frio, onde a máquina substitui o homem em tantas coisas e, às vezes, na sede de galgarmos degraus ou ascendermos socialmente, esquecemos que o fundamental está na base. Se nos dermos as mãos, podemos encontrar, muito mais próximo do que se imagina, alguém que esteja só precisando que alguém lhe estenda a mão. Este é o primeiro ato, e é o ato contínuo de nossas vidas.

Ok, Fafá. Desejo-lhe muita sorte e brilho no show, estarei lá, aplaudindo você, e... até amanhã!
Se Deus quiser, querido, vambora!... Um beijo grande, gente, e não vamos esquecer: o espetáculo que faço aqui em Recife é apenas o espetáculo, mas a Igreja de Nossa Senhora da Penha precisa da nossa colaboração. Que isto não se esgote aqui! Que seja mais uma ação entre muitas que nós faremos, até vermos a Basílica totalmente recuperada.


O valor da recuperação é estimado em R$ 4,2 milhões, entretanto ainda faltam cerca de R$ 3,2 milhões. Aqueles que contribuírem para as obras receberão o título de Amigo da Basílica da Penha.
São 352 anos de história necessitando de recuperação, com a igreja interditada para obras emergenciais desde 2006.
Se você ainda não contribuiu, obtenha informações sobre como fazer uma eventual doação com
Telma Liége (Coordenadora do Projeto de Restauração):
(81) 3424-8500 / (81) 9966-1681.


Outros textos meus, no Caderno R Mulher:
http://www.cadernor.com.br/mulher/index.php?option=com_content&view=category&layout=blog&id=44&Itemid=192