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domingo, 11 de janeiro de 2009

ELE, O TEMPO E O VENTO

O vento anuncia um sorriso guri; o tempo o amadurece.
O tempo mostra que a vida cresceu; o vento, que viajou...
Viajou no tempo, pé-de-vento, inventou: outro quê alicerce.




Lembra-se dele? Se sim, parabéns! Se não, refresco sua memória: em 1985, ele emocionou o Brasil ao lado de, ninguém menos, que GLÓRIA PIRES. Trata-se de CAMILO SAUERESSIG DE ANDRADE, que, aos 6 anos, interpretou o vivaz Pedrinho Terra, filho da personagem Ana Terra, da Glória, em O Tempo e o Vento.
A minissérie global, da obra de Érico Veríssimo, revelou Camilo como um exímio ator mirim, tanto que, em seguida, ele atuou como modelo e esteve no filme Sonho Sem Fim, também de 85. Depois, deixou a carreira artística e, adolescente, foi atendente em locadora de vídeos, em loja de revelações fotográficas e operário na fábrica da família, a hoje conhecida CASQUINHA MODA em MADEIRA, do Sul do país, sobre a qual falaremos em uma nova matéria; fez arte-final e criação em editoração eletrônica, passou no vestibular, ainda, para Sociologia e Física, mas o fato é que, nesta ENTREVISTA ESPECIAL, o ex-ator e, hoje, empresário, gerente de produto na Casquinha, revela-nos suas lembranças das gravações, os fatos interessantes no set e como foi sua convivência com Glória Pires. Confira!

Qual sua melhor recordação de quando gravou O Tempo e o Vento

São várias, sem ordem específica: o meu senso de responsabilidade – trabalhar em troca de dinheiro – surgindo; ter ganho um bom dinheiro, para uma criança de 5, 6 anos, e poder gastar à completa revelia; estar no meio de algo importante, com pessoas importantes; viajar de avião e conhecer o Rio de Janeiro, etc.

Curiosidades da época!

A gruta onde Ana Terra dá à luz e onde a cunhada se esconde com o Pedrinho, durante o ataque derradeiro dos castelhanos, existia em Guaíba, RS. Porém as filmagens da entrada da gruta foram feitas em Jacarepaguá, RJ. E essa "entrada da gruta" nada mais era do que uma fenda em uma parede rochosa, estreita e curta o suficiente para que os atores ficassem espremidos ali até o fim do “take”. Ao se esconder com o Pedrinho na gruta durante o ataque dos castellanos, Eulália (Simone Castel), a cunhada da Ana Terra, fica cega. Em algum momento, ela fala sobre seu medo de haver aranhas na gruta. Isso foi gravado em Guaíba. Semanas depois, quando gravamos o momento em que entrávamos na gruta – isso em Jacarepaguá –, nós, os atores, como falei, tínhamos que ficar espremidos em uma fenda na rocha. O “take” consistia em somente mostrar os três – Ana, Pedrinho e Eulália – entrando na "gruta"; e tínhamos que esperar uns dois minutos, talvez, até podermos sair. Nesta fenda, havia teias de aranhas ou, mesmo, aranhas – não lembro, exatamente –, e a Simone, ao vê-las, repetiu a fala de sua personagem em tom jocoso, brincando sobre realmente estar com receio relativo aos octópodes. Isso é algo que, é bem provável, só saibamos eu, a Glorinha e a Simone. Ao lado das filmagens do ataque dos castelhanos, quando a casa dos Terra é queimada, havia um caminhão de bombeiros, que foi utilizado para apagar o fogo, ao término das mesmas. Ao final, quando Ana "pega carona" com os tropeiros que estão indo para Santa Fé, duas das crianças que estão com a família de tropeiros são interpretadas por meus dois irmãos (na foto acima, Camilo entre os irmãos Tarso e Jairo Saueressig). Quase que a família inteira participa de "O Tempo e o Vento". O figurino era bastante desconfortável para mim. Na cena em que Maneco Terra "aceita" o neto, dando-lhe ovinhos de quero-quero, foram efetuados muitos “takes”. A cena consistia, basicamente, em uma trombada entre ambos, após Pedrinho estar se divertindo, correndo atrás de galinhas. Nos 4 ou 5 primeiros “takes”, o ator que vivia o Maneco Terra (Aldo César) acabava, na trombada, pisando no meu pé. Causando dor. Repetidamente. Lembro que quando o diretor solicitou mais um “take”, comecei a chorar, reclamando que o ator "sempre pisava no meu pé". Fui atendido por uma contra-regra ou assistente, passando alguma pomada no meu pé antes de recomeçarmos a gravar.

Como foi, para você, contracenar com a Glória? Mesmo criança, você já tinha noção do quilate desta atriz?
Foi tranquilo, eu sabia do quilate, da importância dela, e a minha mãe (Marlise Saueressig, a dona Henriqueta, mãe de Ana Terra) havia brincado comigo, me prevenindo sobre a proximidade que eu teria com a famosa Glória Pires. Os valores infantis, no entanto, não me traziam quaisquer medos de estar perto dela. Pelo que lembro, ela era bem acessível. Lembro de minha mãe conversando com ela bem despreocupadamente, de igual para igual. O Paulo José também exercia um tipo de fascínio sobre mim, por ser o diretor e por eu ter consciência da importância artística dele.

Uma mensagem a quem adorou a minissérie, como nós!
Leiam o livro! Érico Veríssimo é um dos maiores escritores de nossa língua e sua obra-prima é, realmente, cativante e, apesar de a minissérie ser um marco na televisão brasileira, o escrito é ainda melhor. A quem adorou a minissérie e não assistiu à sua transmissão original, saiba que houveram alguns cortes para o que saiu em DVD. Infelizmente, talvez nunca nos seja disponibilizada a edição original, uma obra completa e claramente superior ao que está disponível em DVD.

Futuro! As suas metas atuais...?
Voltar a estudar e terminar o curso de Física, ter uma residência própria e aumentar a família; atualmente, somos eu e minha esposa, apenas.

Sonho?
Ah, trabalhar com desenvolvimento de games.

Qual o benefício maior de seu trabalho na Casquinha?
Duas viagens por ano a Paris, a trabalho.



‘Entrei’ em ‘O Tempo e o Vento’ por indicação da minha mãe, que é atriz, e por haver disponível a vaga de Pedrinho, na qual me encaixava. Fiz um teste assistido pelo Paulo José: estava em um palco de teatro, e o PJ pediu que eu contasse uma história. Recordo que contei algo como ‘Os Três Porquinhos’, com algumas alterações livres.

(Camilo Saueressig)



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Fotos: ARQUIVO PESSOAL CAMILO e TARSO SAUERESSIG
e DVD O TEMPO E O VENTO (imagens).

domingo, 4 de janeiro de 2009

E Aí?...

E aí que o ator, amante das artes marciais,
revela-se alguém comum, mas de sonho grandioso

O curta-metragem E Aí?, de Bill Labonia e Ricardo Ayade, a estrear neste ano nos grandes festivais dentro e fora do Brasil, é o novo trabalho de ALEXANDRE MANDARINO. Na produção, em cujo elenco também estão Fábio Bianchini e Maurício Mattar, o ator dá vida ao bandido Neto, e o convite para este protagonista partiu do ator e autor Ricardo Ayade no 1o. semestre de 2008.
Nesta ENTREVISTA ESPECIAL, Alexandre contou-nos, bem-humorado, um pouco de sua vida e profissão.

Quem é, mesmo, Alexandre Mandarino?
Um cara comum, com um sonho extraordinário.

E o Neto?

Ah... (Risos gostosos.) Esse cara não é tão comum. É um bandido, parte de uma gangue. De classe média, que, por circunstâncias da vida, se mete no mundo do crime.

O que é o curta “E Aí?”?
Um curta de ação no melhor estilo ‘vendetta’. É a história de Neto (Alexandre Mandarino), assassino profissional, um “hitman”, que tenta salvar o seu irmão das mãos de Márcio (Maurício Mattar), chefe da gangue, e Tony (Ricardo Ayade), braço direito de Márcio. Porém, Tony oferece uma proposta a Neto, uma chance de salvar seu irmão de Márcio. E assim a história se desenrola... Não irei contar como acaba. (Risos.)

Vaidoso?

Não muito. Tento manter o corpo em forma, mas não tenho uma dieta tão saudável quanto deveria.

Atual paixão?
Cinema e direção!

Uma atuação marcante!
Acho que a primeira vez que atuei em um espetáculo. Chamava-se “Um Demorado Adeus”, do Tennessee Willians. Meu personagem chamava-se Joe, e o mesmo na trama se encontrava indo embora de um antigo apartamento e se despedindo da vida que levava. Engraçado, porque não foi das melhores atuações, na verdade só me mostrou que preciso estudar muito ainda, muito mesmo! (Risos.) Como é de praxe, aliás, pra quem quer atuar profissionalmente no teatro. Mas foi incrível pisar num palco e apresentar um trabalho completo pela primeira vez.

Melhor livro que já leu?
“Quando Nietzche Chorou”, do Irvim Yalom. Confesso que não leio tantos livros, apesar de ler muitos artigos e trabalhos “soltos”. Agora, se me perguntar quantos filmes já vi... (Risos.) Sou cinéfilo.

Melhor novela à qual já assistiu?

Bom, não vejo uma novela completa já tem uns anos, mas acho que foi “Quatro por Quatro”. Adorava o personagem Raí, era muito engraçado!

Ator e atriz?
Internacional, Clint Eastwood, pelo conjunto da obra: não só como ator, mas como diretor também. Nacional, acho o Tony Ramos um ator muito versátil, e essa, pra mim, é a maior qualidade do ator. Não tenho uma atriz favorita, ou alguém que tenha marcado pelo trabalho individualmente.

Com quem gostaria de contracenar?

Com o Clint. (Risos.)

Que personagem você gostaria de interpretar?
Gosto de personagens que carregam uma sina, têm uma penitência a cumprir, sua redenção. Gostaria de fazer algo como o Nascimento, no “Tropa de Elite”.

Se não fosse ator?
Seria diretor. E pretendo, também. Fora isso, um super-herói, só faltam os superpoderes... (Risos.)

Filme e escritor?
Não tenho um escritor predileto, mas filme, sim: “The Good, The Bad and The Ugly”, do Sérgio Leone. Na verdade, são tantos, que poderia, daqui a cinco minutos, citar outro filme predileto. Algo do John Ford, ou Godard.

Trilha sonora?
Nossa! Outro ponto que amo! Gosto de trilhas marcantes, como as de “Superman”, por exemplo. Há dois gênios das trilhas sonoras de cinema, pra mim: Ennio Morricone e John Williams. Pra quem não sabe, esses dois caras são tão importantes para o cinema quanto diretores como o Spielberg ou o Coppola. As trilhas que eles criaram são de uma beleza digna dos gênios de ambos.

Prato predileto?
Culinária japonesa, mas esse campo é vasto pra mim! (Risos.)

Mania e hobby?
Mania, chegar em casa e entrar na Internet. Hobby, artes marciais, em especial a que pratico e dou aulas: Tae Kwon Do. É, acima de tudo, uma filosofia de vida que levo já há 17 anos.

Ser ator é...?
É suor, sangue e lágrimas, “quase” literalmente! Uma profissão dura, linda, que não tem nada a ver com o que nos vendem pela TV. Árdua, que exige anos de trabalho e aprendizado. Opinião pessoal: o ator já acorda criando, trabalhando. Não é nada da moleza que parece ser pela TV. O verdadeiro trabalho do ator está longe das celebridades instantâneas, criadas pela mídia. Muitos até dizem serem atores também. Bam!... É errado!

Amigos representam...?
Um importante pilar. Seguraram boas barras, já! (Risos.) Tenho poucos, mas grandes amigos!

Uma mensagem aos fãs e admiradores!
Espero ainda realizar grandes trabalhos e fazer o que sempre me propus como ator, como objetivo dentro da profissão. Entreter, emocionar e – se e quando possível – fazer o público refletir. Um grande abraço a todos!