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domingo, 8 de maio de 2011

LIVRE PARA CRIAR E PRODUZIR

Dzi Croquettes, um dos mais recentes filmes de sucesso, contudo feito sem patrocínio, é o 1°. longa-metragem da atriz, diretora e produtora TATIANA ISSA e do diretor RAPHAEL ALVAREZ. Devido a essa produção, eles conseguiram uma façanha inédita: a de Liza Minnelli abrir, pela primeira vez, a sua casa em NY, para uma entrevista! Foram realizadas 45 entrevistas entre Brasil, NY e Paris. Dzi Croquettes é considerado, hoje, o documentário brasileiro mais premiado do Brasil.
O longa concorrerá, em 31 de maio, ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 4 Categorias: Melhor Longa-Metragem, Documentário, por Júri e público, melhor Montagem e melhor Trilha Sonora.
Amigos há 25 anos (conheceram-se na infância, em um espetáculo no Teatro Clara Nunes), Tatiana e Raphael estarão no Brasil, na ocasião do concurso. Mas, agora, com a palavra... Tatiana Issa!

Atriz, diretora e produtora! Com qual destas profissões você mais se identifica?
Tatiana —
Diretora e produtora. Não me vejo mais atuando, tenho uma curiosidade enorme em relação à vida, ao ser humano, por isso ter a oportunidade de produzir, criar documentários, filmes, contar histórias, talvez através de um filme, de um documentário, mudar o olhar de alguém, abrir as perspectivas de observação de quem assiste... é um horizonte muito fascinante. Meu lugar é esse, estou criando o tempo todo, tenho idéias pra milhões de projetos, isso é o que me move: a criação.


Como surgiu o desejo de produzir o premiado Dzi?
Tatiana —
Eu comentava com as pessoas da minha idade, amigos, e nenhum jovem de trinta e cinco anos para baixo tinha havia ouvido falar de "Dzi Croquettes". Meu pai, Américo Issa, fez parte da equipe técnica quando os Dzi estavam em Paris, em turnê, e acabamos morando com os Dzi lá. Na época, era aquela coisa de comunidade, todos morando junto. Meu pai fazia luz, cenário, adereços, funções da parte técnica do grupo. Isso contribuiu muito para que fizéssemos o filme, porque é uma experiência incrível para uma criança ter a oportunidade de viver com pessoas absolutamente geniais, incríveis, únicas e criativas em um universo muito particular. Tive uma infância privilegiada em todos os sentidos por estar no meio dessa criatividade, dessa loucura e de pessoas tão talentosas. Claro que isso marcou minha vida e influenciou na opção de fazer o filme.


Você esperava que o longa obtivesse tanta repercussão?
Tatiana —
Não, nunca. Fizemos esse filme sem qualquer patrocínio. Levamos muitos “nãos”. Infelizmente, ainda existe algum tabu em relação a certos assuntos. Tínhamos que decidir: ou esperávamos um patrocínio aparecer ou partíamos para a luta. No final, com o filme pronto, mandamos um DVD para o Canal Brasil e o Paulo Mendonça, a quem devemos muito e que é o grande padrinho do filme, prestou atenção naquilo e comprou a briga. Entraram nisso como co-produtores, possibilitaram a pós-produção. Como ganhamos o Prêmio de Melhor Documentário, no Festival do Rio, ganhamos, com isso, o apoio da Globo Filmes, que foi importante na época do lançamento. Ganhamos os dois prêmios para documentários no Festival do Rio — júri oficial e voto popular. Pela primeira vez na história do Festival. Na Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, isso se repetiu. "Dzi Croquettes" ganhou, até o momento, quinze prêmios internacionais de melhor documentário! Uma enorme alegria, até difícil de descrever pra um filme feito nas condições com que foi. Somos, no momento, o documentário mais premiado da história do Brasil! É realmente uma emoção enorme! Um dos prêmios mais importantes pra gente foi ganharmos o grande Prêmio do Itamaraty! O Itamaraty tem dado um enorme suporte aos filmes brasileiros no exterior; graças a ele, temos podido acompanhar nosso filme em festivais fora do Brasil. Adoraríamos citar também a Premiére do filme em Nova York, no MoMA — Museu de Arte Moderna de NY —, uma das maiores instituições aqui em NY e um ícone! Nosso filme faz hoje parte do catálogo de filmes exibidos no MoMA, ao lado de filmes de grandes cineastas: Woody Allen, Martin Scorsece, etc. Foi uma noite incrível, o cinema do MoMA lotado, foi realmente especial. Outra experiência inesquecível foi apresentação de Dzi em Bangkok, de onde voltamos há pouco. Ficamos sempre muito emocionados nos prêmios que ganhamos. Mas o mais importante é a reação da plateia, o resgate da história e o quanto as pessoas saem emocionadas, enlouquecidas, do cinema.


Saudades de atuar nas produções brasileiras, já que seu tempo — imagino — anda escasso?
Tatiana —
Não, minha carreira agora é de diretora e produtora, como disse, mas meu objetivo é estar dirigindo sempre projetos ligados ao Brasil.




Planos futuros já à vista?
Tatiana —
Estamos, no momento, trabalhando no nosso próximo documentário Ota, the movie, sobre o cartunista OTA, que, durante 34 anos, ficou à frente da Revista MAD, no Brasil, e, através do ponto de vista de Ota, expor o poder exercido pela indústria do mercado editorial de quadrinhos no Brasil desde os anos 70 até os dias de hoje. Projetos futuros incluem o documentário 2 de fevereiro, sobre o sincretismo religioso na Bahia, através da Festa de Iemanjá, e um longa de ficção em fase de desenvolvimento de roteiro.


Bate-bola! Atualmente, melhor filme?
Tatiana —
Quase impossível responder essa pergunta, são tantos os filmes importantes na minha vida... “Cabaret”, “Apocalipse Now”, “Taxi Driver”, “O Sétimo Selo”, “Le Mepris”, “Pierrot le Fou”, “Laranja Mecânica”, “Manhattan”, do Woody Allen, “Bye Bye, Brasil”, “Vidas Secas”, “O Último Tango em Paris”... Enfim, uma longa lista, é impossível, pra quem faz cinema, escolher apenas um.

Ator e/ou atriz?
Tatiana —
Os desconhecidos.

Música?
Tatiana —
Chico Buarque, todas! Caetano Veloso, “Oração ao tempo”, “Pecado original”... Vinícius de Moraes, Djavan... E também adoro jazz.

Cantor e/ou cantora?
Tatiana —
Maria Bethania.

Melhor novela que já fez!
Tatiana —
Nossa... difícil... Vou citar a primeira: “Guerra dos SeXos”!

Atual livro de cabeceira!
Tatiana —
Biografia do Serge Gainsbourg e do Godard — estou na fase do estudo da vida real.

Personalidade do ano!
Tatiana —
São Jorge.

Comida predileta?
Tatiana —
Italiana e, de preferência, saudável. Sigo muito a dieta Mediterrânea, peixes e um bom azeite de oliva. Tem algum tempinho que me tornei vegetariana, com exceção a peixe, de que gosto muito, e matenho, então, como massas, grãos, saladas, legumes e vinho tinto! Minha especialidade é Risotto Porcini!

Perfume?
Tatiana —
Givenchi, uso o mesmo há quinze anos.

Hobby
?
Tatiana —
Ver filmes e ler.

Fama?
Tatiana —
Perigosa, não pode nunca ser tida como busca, mas como um reconhecimento de um trabalho. Aliás, prefiro a palavra “Reconhecimento”. Fama nao é a minha praia.

Sonho ainda não realizado?
Tatiana —
A cura do HIV. Acho que esse seria um dia muito especial pra todos nós.

Um elogio ao seu Dzi Croquettes, com uma palavra?
Tatiana —
Liberdade.


Fotos: DIVULGAÇÃO e ARQUIVO PESSOAL TATIANA ISSA.

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